O planeta pálido
É como se eu não devesse ter jamais existido. Tampouco esse planeta inteiro. Água e terra, montanhas e florestas, são coisas que existem apenas na superfície. Por debaixo dessa diversificada maquiagem há uma crosta pálida, sem cor e sem brilho. Por sinal, também não há ninguém aqui. Caso houvesse o mundo seria diferentíssimo. Os que por aqui e por ali caminham não podem ser chamados de alguéns. Eles não têm mais alma, nem desejo, vagueiam como vazios. Não estão interessados em nada, nem sequer querem saber o porquê. Suas mentes estão ocas, e através delas ecoa o vento. Eu, ao passar perto deles, sinto que também sou um vazio.
Deve ter havido uma catástrofe. Talvez tudo tenha começado com um gigantesco cataclisma. Algo deu errado e então tudo começou. Esse planeta, esses ninguéns, essa palidez no ar e no rosto de todo mundo, esse horizonte sem esperança. É possível que os demônios da criação tenham se equivocado totalmente.
erik rosa
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