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Lusco-fusco

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Por volta das dezenove horas, quando as derradeiras faixas de luz solar encontram a sombra ainda tímida da noite, há o instante em que me sento em minha poltrona e realizo mentalmente o balanço do meu dia. De olhos fechados, percorro o meu passado mais recente e, ao desembocar no fim, sinto uma quase satisfação com a vida que levo. Uso o cansaço, sentido no corpo após o expediente de trabalho, para justificar o que faço diariamente, como se o desgaste na lâmina da espada do guerreiro pudesse legitimar o motivo de todas as vezes que ele encaminha-se para a guerra. Concentro-me na minha respiração e no som do vento lá fora. Por um minuto, ouço apenas o som do silêncio. Debruço-me para o lado e, com a ponta do dedo, aperto o play. Minha rotineira playlist do lusco-fusco começa a tocar ao meu redor. As notas espalhadas pelo espaço do aposento criam a aura de um descanso triste. A última luz amarela atravessa o vidro da janela e harmoniosamente toca a superfície do meu rosto, meus olhos per