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O eterno retorno do mesmo

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          – Vai acabar repetindo de ano se continuar assim, menino. Tome jeito! – era o que parecia ser, para mim, a única coisa que a minha professora sabia falar. Aliás, não apenas ela, mas também o meu pai, em todos os finais de bimestre, com o boletim em mãos e com os olhos zangados me dizia:           – Então, garoto. Quando é que vai aumentar essa nota? Não quer acabar repetindo, quer?           É claro que não. Eu era uma criança que não gostava de repetir nada, nem a merenda da escola – que algumas vezes merecia muito ser repetida – e, pasmem, tampouco tinha o desejo de repetir a sobremesa depois da refeição ou passeios na cidade, por mais prazerosos que fossem. Eu era uma pessoa que desde muito jovem buscava o novo, mesmo que fosse, paradoxalmente, buscar o novo de novo.           Qual não foi a minha inquietante surpresa ao descobrir pela boca da professora que eu teria de ficar mais um ano no mesmo ano:           – Mas, professora, como posso eu repetir de ano sendo