A fenda


lúgubre fenda se abre
constantemente presente
chão treme e minhas pernas balançam
sempre ali constante

me equilibro a cada dia
parece que vou cair
sei lá onde, irá partir?
as vezes me seguro

seguro em nada
sei que esse nada se esvai
de dentro da fenda
um olhar me encara

quando este aparece
tremo e anseio pela fenda
quem sabe no buraco isso passe
isso o que? talvez, eu mesmo

reconheço nesse olhar
olhar que se esconde
mas também que escondo
o maior dos vazios

Que me mate de uma vez
mas pare de olhar
mas a fenda se fecha
mais uma vez, como sempre
e sinto algo fora de lugar…

Filipe Zoppo


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