Confronto
O conforto me confronta como um peso leve. Da sua leveza vou abrindo espaço e logo creio que tudo corre como corre. Esqueço de criar novos espaços em mim, parto para escapes. Mas há o peso e desse sei que viro os olhos, desvio. Contudo, ele me pesa o corpo mesmo que eu o minta que não. Por puro medo, perco a novidade e também a rotina, que repetidamente parecida, nunca é igual. Assumo lugares desconfortáveis, pois se encontro neles um lugar conhecido e comum, imagino que o medo não estará lá, embora saiba que nada é garantia de um mundo coeso, já que ele não é assim. Mas meu corpo clama por calma e momentos sem a dor da espera e da confusão; onde a dor e a angústia dela não me sejam reais. Que espaços de dor são esses que busco esconder de mim? A complexidade do seu saber me são interditos, pois quando saio dessa casa de medo não encontro explicações, nenhuma resposta para o que me acontece quando vejo a mim mesma quase desnuda. Sou meio estranha a mim quando não tenho medo da minha figura e mergulho no medo, mas também sou quando corro para me abrigar no casulo que me separa do medo e me conforta.
O conforto é um pretexto e o desconforto que há nele ou fora dele também. Mas pretexto para quê? Talvez para me esconder dos adeuses que tanto tenho medo de viver, talvez porque na vida não haja espaços sem angústias de não se saber o que há, o que se é, de não se saber viver. Ou mesmo só porque morrer os instantes e as coisas são momentos inexplicáveis e duros para nós. É um entrar em derrelição. Algo que o corpo parece não saber como experimentar. Mas vou experimentando.
Jesline Cantos
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