A vida inteira
Com as pontas dos dedos, a princípio você nota a suavidade, o relevo macio de um rosto recém descoberto. Em seguida, o aroma doce que afaga os teus sensores olfativos, o cheiro que propulsiona o teu coração a bater mais forte. Depois, algo que ela diz lhe penetra os ouvidos como o mais eufônico dos sons, um deleite para quem não quer mais nada, a não ser estar ali. Por último, tuas pálpebras semi abertas captam uma paisagem e uma espécie de alucinação é projetada na retina, um desvario que toca, cheira, fala e vê. Então, em completa imersão, o tempo pára e a música toca. No pienso en ti sólo te siento pasando por mi como un dulce viento As quatro paredes do quarto, muito próximas uma da outra, parecem condensar a atmosfera sutil criada pelos dois corpos embalados pelo som da canção. As palavras trocadas vêm e vão, se tocam como formigas que se beijam antes de continuar o seu caminho. Os olhares atravessados anunciam a colisão dilacerante entre dois mundos, um fenômeno de u...