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Mostrando postagens de outubro, 2020

Como vai você?

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E-mails acumulam-se na caixa de entrada A mesma velha má postura Um sonho igual todas as noites O Sol escurecendo o mundo Uma gota a mais – uma a menos No oceano O jornal e o leite cancelados Ontem ouvi um sussurro frio Ao pé do ouvido Gostaria que fosse real Um segundo antes dela partir Do calor aparecer – As horas nunca mais terminaram E o gato não parou mais de olhar pela janela erik rosa

Senhores da tristeza

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     Nesta caminhada que costumávamos a chamar de vida, juntos ou separados, fizemos o que tínhamos de fazer. Vivemos como podíamos e, de fato, foi de uma dificuldade tremenda, mas enfim conseguimos gastar todos os nossos dias, todos os nossos momentos, até não sobrar mais nenhum. Uns de nós, desde o início, já sabiam onde iriam depositar toda a sua vitalidade, outros demoraram, um pouco ou muito mais, para inventarem alguma forma de estar por aí, e existiram também aqueles que morreram sem saber como viver, procurando em cada canto um onde e um porquê da vida. Mas, de maneira geral, todos nós desempenhamos perfeitamente bem a tarefa de usar e aproveitar a vida – uns chegaram até ao ponto de abusar dela. Pode-se dizer então, depois de avaliarmos tudo, que a nossa existência foi um sucesso. Não houve nada que não tenha sido feito, nós encostamos em tudo, olhamos para todas as direções, sentimos na língua os mais diversos sabores, nossos corações mergulharam nas mais profun...

O planeta pálido

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     É como se eu não devesse ter jamais existido. Tampouco esse planeta inteiro. Água e terra, montanhas e florestas, são coisas que existem apenas na superfície. Por debaixo dessa diversificada maquiagem há uma crosta pálida, sem cor e sem brilho. Por sinal, também não há ninguém aqui. Caso houvesse o mundo seria diferentíssimo. Os que por aqui e por ali caminham não podem ser chamados de alguéns. Eles não têm mais alma, nem desejo, vagueiam como vazios. Não estão interessados em nada, nem sequer querem saber o porquê. Suas mentes estão ocas, e através delas ecoa o vento. Eu, ao passar perto deles, sinto que também sou um vazio.      Deve ter havido uma catástrofe. Talvez tudo tenha começado com um gigantesco cataclisma. Algo deu errado e então tudo começou. Esse planeta, esses ninguéns, essa palidez no ar e no rosto de todo mundo, esse horizonte sem esperança. É possível que os demônios da criação tenham se equivocado totalmente. erik rosa