Poeira da ampulheta
Havia e não há mais. Tão impossível quanto necessário, havia e não há mais. Aqui imóvel tentando e tentando entender. O que significa? Antecipo na parte mais mole da minha consciência o dia em que partirei daqui para sempre, varrido como poeira pra lugar nenhum – onde? Para tempo nenhum. Oh, não! A minha tendência mais insistente – evidência da minha fraqueza – de querer que tudo permaneça, da maneira que for. seja em escombros e ruínas, mas que, por favor... tudo permaneça! Havia um dia. Não há mais. Quando chegar a hora que haja um epitáfio. Confusão será o meu epitáfio? Perdição! Amarrado pelos pés à obrigação de pensar e remoer sobre esse dia que não há mais. O quanto mais tardarei em abandonar a esperança e esse medo que sinto do tempo? Não é possível deixar de senti-los, são a mesma e única coisa a esperança e o medo, e estão enterrados profundamente em meu coração. Chegará o dia e o que fazer? Quando viro o rosto e encaro o passado somente observo alguém que sempre caminhou sem ...