2017

Observo um pássaro que caminha no chão à minha frente, se ele pode voar a caminhada deve ser uma piada. A liberdade de poder riscar o céu com seu corpo e depois caminhar no chão pata por pata. Se eu soubesse voar, seria um incômodo fazer isso. Mas ainda bem que o passarinho não vê graça em nada e vive sua vida de ser o que é. Eu, no entanto, estou aqui e questiono essa cena. É como quando abri os olhos e não sabia onde estava e aquela festa acontecia com muita gente dançando e eu ali. Não, a questão é que nenhuma das duas coisas têm sentido em comum. Agora é quase noite, atordoada minha mente tenta me fazer esquecer algo no meu caminho no hoje. Daria quase tudo por uma distração barata que me deixasse esquecida. Caminho e olho alguns amigos rindo com alegria e tenho medo disso. Como tanta ingenuidade ao pensar que se pode rir? Não nesse dia. Não quando tudo é motivo para silêncio e esquecer, esquecer, esquecer. Se eu fosse um pássaro não teria sofrido o que me aconteceu. Ou se eu fosse...