A respeito da névoa rio-grandina
Era para ter sido o meu terceiro ano na cidade de Rio Grande e ainda hoje sinto uma forte sensação de que poderia ser na verdade o trigésimo, a despeito das horas cada vez mais arrastadas e monótonas as quais eu preenchia com inúmeros afazeres ou com alguma instantânea diversão aqui e ali. Às vezes, principalmente quando, sob o Sol, eu passeava pela praia sentindo o calor da areia aquecendo os pés, um forte desejo de mudança e renovação tomava conta de mim e, então, me vinham vários devaneios sobre como poderia ser completamente diferente a minha vida caso eu estivesse em outro lugar qualquer que não fosse ali, naquela cidade. Em momentos como esse eu fixava o olhar na linha azul do horizonte e por um longo tempo tentava imaginar que tipo de vida seria a minha se eu tivesse decidido ir tentar a existência em outros cantos. Engraçado como, naquele tempo e mesmo agora, confesso, tenho tendência a pensar que o lugar onde alguém está determina de tal maneira a sua personalidade, num certo ...